Ao tomar conhecimento da sua obra, fiquei impressionado com a sua profunda sensibilidade de reflexionar e trabalhar temas de cunho antropológico.
Seu rol como artista plástico com domínio inusitado das técnicas digitais, o posicionam como artista de vanguarda extrema para ser um baluarte contemporâneo que, além de interpretar com intensidade a atual problemática antropológica, expressa, na linguagem da arte, a agitação do nosso mundo contemporâneo.
Sua obra testemunha a dureza do tempo presente e sugere o futuro formalizando canais de intensa comunicação entre os diferentes mundos, unindo - como o faz o próprio século XXI - a estrema diversidade cultural com a vertigem de seus canais virtuais.
Arturo Toscano
Impactante e inventiva a arte de Ariel Artigas Severino concebida e executada com a expressiva tecnologia da Pintura Digital, produto da interatividade entre o artista, a capacidade exploratória do computador e a inigualável invenção da pintura, das cores que se cruzam e se confrontam com outras, vindas dos céus e da terra e distribuindo cromatismo pelo mundo afora.
É possível admirar e penetrar no profundo mundo imaginário do artista, seguindo passo a passo o enredamento impecável da sua arte digital. Alguns anos se passaram na profunda pesquisa e sedimentaram com precisão as imagens de sua obra.
A tecnologia ampara e fortifica as novas maneiras de pensar e de realizar a arte. Ariel domina amplamente os recursos digitais e com brilho e circunstância exibe uma instigante obra, ancorada em elementos virtuais. O artista resgata a fantasia nas artes plásticas e abre o caminho a ser novamente alimentado pela invenção e a sensibilidade.
A perícia plástica do artista faculta-lhe a criação de figuras expressivas, de diversas falas gestuais e características da revolta ou da lerda confissão de alguém. E, sem nenhum som vocal, lábios cerrados ou boca aberta, em riste, podem elas dizer muito mais do que um grito sonoro e tonitruante de desespero.
A forte gestualidade das figuras acresce a importância imagética que elas produzem, a partir da inserção cromática ou do traço ilusionista. As obras de Ariel podem-se designar como arte conceitual-digital, posto que existe a partir de uma correlação de tecnologias e conceitos, interativos e aferíveis. Suas obras, pioneiras, se fundam na invenção artística e nos meios de produção digital. Um mundo virtual que cada vez mais se torna real.
No processo de inserção do homem na sociedade atual, para usufruir a tecnologia digital, é necessário aprender a dominar o computador e seus periféricos como extensão, como ferramenta/prótese e na medida em que assumimos o controle desse processo, perceber que a nossa capacidade de acessar, analisar e processar aumenta a oportunidade de cada indivíduo.
Radha Abramo
Como aceitar, mais que isso, conhecer e bem ou mal divulgar uma situação sociocultural de graves deficiências éticas como as protagonizadas hoje, pela fome, violência e desrespeito em geral, com o papel heróico e semidivino que o artista sugere crer em suas figurações de humanidade?
Como expor tão cruamente os limites, tão estreitos, das ações redentoras das religiões políticas, tecnológicas e espirituais? Como compartilhar tão profundamente, as dores absurdas da vida só por ser vivida? Respirada, amada, irmanada nas pedras, objetos, planetas, plantas e animais?
Se, enquanto heróis e semideuses sobrevivemos às tragédias mais incríveis, é somente pelas virtudes estóicas e pela plenitude estética que viveremos responsavelmente nossos enredos. E alí, neste ponto que se encaixa o digital, o virtual. Não pela linguagem dominante que subjuga as demais linguagens supostas falsamente ultrapassadas e, assim, exprimiria com excelência ímpar a plástica cotidiana, os costumes. Neste ponto, neste momento importa que seja pela aceitação total, pela resignação unicamente humana, de conviver sob o gume agudo e certo da nossa finitude.
Tal grandeza, desenhada em layers (camadas) que se sucedem elegantes, por vezes terríveis, nas obras que Ariel Severino nos brinda é a marca maior de sua humanidade. É nela que o homem vê-se irmão das pedras, planetas, animais, objetos e tecnologias.
Professor Dr. Carlos Zibel
Historiadora da Arte, Crítica e Curadora.
Master em Artes, Filosofia, Sociologia e História da Arte, na Universidade de São Paulo – USP.
Curadora do Acervo do Palácio de Governo do Estado de São Paulo, Diretora da Bienal de São Paulo e Curadora da representação brasileira na Bienal Internacional de Veneza.
Diretor do Museu Nacional de História Natural e Antropologia do Uruguai
Arqueólogo, Licenciado em Ciências Antropológicas, especializado em Museologia (OES, INAH, o México), Diretor da Divisão de Antropologia, Museus Nacionais de História Natural e Antropologia.
Depto. de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP
Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1973) , mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1983) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1989).